quarta-feira, 23 de junho de 2010

Cárcere (PARTE III)

18 de Outubro de 1791

Hoje, mais uma vez acordado pelo barulho dos homens trabalhando em minha forca, fui, quase enlouquecido pela ansiedade, pelo suspense e pela raiva a essa mentalidade penal que me condena, para a janela para saber o que acontecia lá fora e me arrependi. Vi os homens da justiça levando a corda para ser presa à forca onde eu seria executado, isto só pode significar que o meu dia está bem próximo, agora eles só vão decidir qual o melhor dia para me executar e qual o dia que haverá mais pessoas na cidade disponíveis a irem à praça, ver minha cabeça rolar. A partir de agora já poso sentir a minha cabeça se separando do corpo e fico tentando imaginar como será, se eu vou sofrer muito enquanto estiver pendurado até vir alguém para arrancar a minha cabeça para jogá-la fora como ao resto do corpo e também vou ficando neurótico pelo tempo se esgotando. E a cada hora, a cada minuto, a cada segundo meus ouvidos vão ficando mais sensíveis a cada ruído que eu ouço vou ficando mais doido e imagino que aquele é o barulho do portão se abrindo para virem me pegar para a humilhação de ser enforcado, não consigo nem ao menos permanecer em pé sem que eu sinta uma certa tontura.

Vez ou outra, quando consigo chegar à janela, vejo as pessoas muito curiosas por saber quando será o enforcamento, quem será, muitas perguntas, poucas respostas para os curiosos da rua e menos ainda para o mais interessado que sou eu, mas ninguém me diz absolutamente nada.


(Continua)

Nenhum comentário: