18 de Outubro de 1791
Hoje, mais uma vez acordado pelo barulho dos homens trabalhando em minha forca, fui, quase enlouquecido pela ansiedade, pelo suspense e pela raiva a essa mentalidade penal que me condena, para a janela para saber o que acontecia lá fora e me arrependi. Vi os homens da justiça levando a corda para ser presa à forca onde eu seria executado, isto só pode significar que o meu dia está bem próximo, agora eles só vão decidir qual o melhor dia para me executar e qual o dia que haverá mais pessoas na cidade disponíveis a irem à praça, ver minha cabeça rolar. A partir de agora já poso sentir a minha cabeça se separando do corpo e fico tentando imaginar como será, se eu vou sofrer muito enquanto estiver pendurado até vir alguém para arrancar a minha cabeça para jogá-la fora como ao resto do corpo e também vou ficando neurótico pelo tempo se esgotando. E a cada hora, a cada minuto, a cada segundo meus ouvidos vão ficando mais sensíveis a cada ruído que eu ouço vou ficando mais doido e imagino que aquele é o barulho do portão se abrindo para virem me pegar para a humilhação de ser enforcado, não consigo nem ao menos permanecer em pé sem que eu sinta uma certa tontura.
Vez ou outra, quando consigo chegar à janela, vejo as pessoas muito curiosas por saber quando será o enforcamento, quem será, muitas perguntas, poucas respostas para os curiosos da rua e menos ainda para o mais interessado que sou eu, mas ninguém me diz absolutamente nada.
(Continua)
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